Entrevista Gustavo Tremel do Valle Pereira

A VBCOM dá início à série de entrevistas de perfil que será publicada sempre aos domingos no portal e demais canais do grupo. O escolhido como entrevistado inaugural é o jovem Gustavo Tremel do Valle Pereira, de 28 anos, sócio da startup brasileira Decora, especializada na criação de cenários de decoração em 3D, que foi vendida para a americana CreativeDrive, companhia global de criação de conteúdo para moda e decoração, por 100 milhões de dólares, no segundo maior negócio com empresas de tecnologia do país no ano, depois da venda da 99 para a chinesa Didi Chuxing. 

Criada em Florianópolis, a Decora automatiza a criação de modelos de produtos e cenários 3D que são utilizados por e-commerces. Dessa forma, os clientes podem montar ambientes e editar, adicionar, remover e modificar as imagens de forma dinâmica, na própria plataforma. Nascido no Centro de Florianópolis, Gustavo é solteiro e formado em Administração pela ESAG. Seu hobby é ir aos jogos do Avaí, time do coração.

O que é a Decora?

Nós somos uma empresa catarinense que nasceu da vontade empreendedora de criar novas experiências de compra para móveis, decoração e construção. Acreditamos que comprar produtos para sua casa deve ser uma experiência divertida, interativa e personalizada. Nascida em 2012, a Decora faz parte de uma das primeiras gerações de startups de alto impacto. Hoje, somos uma grande equipe multidisciplinar que atende os maiores varejistas do mundo. Com escritórios comerciais em Londres e em Boca Raton, a Decora segue na missão de reinventar a produção de modelos 3D.

Como surgiu a ideia de criar uma startup?

Surgiu na faculdade, com 20 anos, em 2012, junto com meu colega de faculdade, onde queriamos falir rapido, aprender com os erros e tirar de aprendizado como empreender. Deu certo e continuamos aqui até hoje, 6 anos depois. O sócio que começou a Decora comigo em 2012 foi Paulo Orione. Em 2013, entraram Rodrigo Griesi e Rafael Assunção, sócios que já haviam vendido suas respectivas empresas anteriormente. Os sócios se complementam, pois cada um agrega em determinada competência e foi possível formar o Dream Team: pessoas com diferentes habilidades, com autonomia e que sabem trabalhar em grupo. De fato, todos já eram empreendedores de sucesso anteriormente.

O que levou a Decora a atrair o mercado internacional?

Fomos em 2015 para os Estados Unidos por conta da crise no Brasil. Nossa solução é inovadora no mundo inteiro, portanto, foi de uma grande surpresa a receptividade que tivemos com nosso produto. Apesar de estarmos em Florianópolis, não existe distância nem cultura capaz de abolir uma tecnologia e esse é o grande fator da tecnologia. Não se tem barreiras.

A venda, da ordem de US$ 100 milhões, condiz com o serviço/ideia da empresa?

Sim, a venda foi o fator preponderante para mostrar como o nosso produto é importante internacionalmente. Já tivemos muitas propostas de players até maiores nos últimos anos, mas optamos pela CreativeDrive por ser uma empresa disruptiva no mercado e com alto crescimento.

O que vai acontecer com sua vida após a venda? Parar de trabalhar? Ou continua a empreender?

Jamais. Continuamos na empresa, agora como sócios de uma empresa global, mas o sangue empreendedor percorre nas veias. É um vício difícil de conter. Hoje estamos 100% focados em estabelecer a marca Decora globalmente e avançar em outros mercados geograficamente, como Ásia e Europa, mas também atingir o mercado de Moda e Beleza.

Que dicas para quem quer entrar no ramo de startups?

A ideia não vale nada. O que vale é a resiliência, a competência e a determinação do empreendedor. Esses são os pontos que os investidores gostam de olhar, pois sabem que a idéia será reformulada e a empresa tomará o rumo não por causa da ideia, mas da persistência, da vontade de empreender e inovar. Também é importante ressaltar que por mais que as histórias de sucesso incentivem as pessoas a empreender no mercado da tecnologia, os percalços e riscos são enormes. Você tem que estar preparado para o insucesso.

Foto: Acervo Pessoal