Entrevista Edison Andrino

O entrevistado deste domingo é o ex-prefeito de Florianópolis e ex-deputado, Edison Adrião Andrino de Oliveira. Aos 72 anos, Andrino tem se dedicado aos negócios pessoais e ao cargo no Conselho de Administração da Celesc. Sua última eleição foi em 2010, para a cadeira de deputado estadual, onde resolveu encerrar a carreira. Confira o papo rápido com Edison Andrino que foi um dos fundadores do MDB em Santa Catarina na década de 60.

1- Como o senhor vê esta crise na política nacional?

Eu não lembro de ter visto o Brasil enfrentar uma crise deste tamanho. Além da crise econômica e financeira, existe uma crise política de descrença muito grande. Das instituições públicas, da classe política. E sem perspectivas de mudança positiva, com os candidatos que se apresentam. Mesmo na ditadura, você tinha lideranças que você depositava confiança e credibilidade, que não acontece hoje no país. Nomes como: Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, Fernando Henrique Cardoso, Mário Covas, Franco Montoro e o próprio Lula, que surgiu na época. 

2- Sobre o caso Lula, qual a sua opinião?

O Lula quando foi eleito criou uma esperança muito grande na população brasileira. Pelo que ele representava e pelas propostas que ele tinha. Principalmente, de moralizar a coisa pública. De acabar com a corrupção. E apesar de a corrupção sempre ter existido, o que vimos foi uma institucionalização da corrupção. Onde a estrutura pública foi usada para que eles pudessem se perpetuar no poder. O governo Lula envolveu não só o PT, mas todos os partidos num processo de mau uso do dinheiro público. E não dá para comemorar a prisão do Lula. É claro que todos devem ser responsabilizados pelos erros que cometeram. Mas é lamentável pela figura que ele era, não só aqui, mas no mundo todo. Lamentável acabar dessa maneira. 

3- O que fará a diferença na eleição nacional?

Eu não vejo muitas opções nas candidaturas apresentadas. Que sensibilizem a população brasileira como uma alternativa diferenciada. E as regras eleitorais são muito ruins para que haja uma renovação no congresso nacional. Por exemplo, o fundo partidário foi criado pra bancar os deputados e os senadores que já existem. Essa renovação, portanto, torna-se bastante difícil.

4- O senhor sempre é lembrado nas eleições, seja no âmbito estadual ou municipal. Qual será o seu papel em 2018?

Eu estou fora da política. Assim como a população brasileira, eu perdi um pouco a esperança. A única alternativa que você tem para melhorar alguma coisa é a política. O melhor regime que existe é o regime democrático, não tem outra saída. Então é preciso escolher bem. Mas eu particularmente perdi a vontade de fazer política. Apesar de existirem algumas determinações legais que tentam evitar a influência do poder econômico no processo eleitoral, é muito difícil ter um controle rigoroso. A não ser que a própria população tenha essa consciência bem clara e através das redes sociais ajude a fazer essa fiscalização.

5- O Senhor é do velho MDB, que retomou o nome antigo. O partido precisa tomar qual decisão para vencer a eleição estadual este ano?

O retorno do PMDB para a sigla original MDB se deu em função desse processo de desgaste muito grande envolvendo suas principais lideranças nos desmandos administrativos, nos casos de corrupção. O que eles querem? Querem juntar a imagem ruim que o atual PMDB tem à imagem de grandes figuras que fundaram o MDB como Tancredo Neves, Ulysses Guimarães, Teotônio Vilela e, em Santa Catarina, Pedro Ivo Campos e Jaison Barreto. Um partido que foi responsável pela resistência democrática na luta pelas eleições diretas, pela liberdade de imprensa, contra os atos de exceções da época. Como se isso pudesse desmanchar a imagem ruim atual. Quando o que deveriam fazer era expulsar os ladrões do partido. 

6- Por fim, como ex-prefeito de Florianópolis, como o senhor tem visto as últimas gestões do município?

Não é fácil para nenhum prefeito administrar as atuais prefeituras dentro do atual contexto econômico. Eu acho que Florianopolis é uma cidade que cresceu muito. E hoje enfrenta problemas das grandes cidades como segurança e desemprego. Eu não concordo com tudo que vem sendo feito, como os excessos de coligação que levaram ao rateamento de cargos da prefeitura. Mas acredito que diante das possibilidades que se apresentam, pois muitas decisões independem só da prefeitura, a atual administração vem se esforçando para realizar seu trabalho.







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