Fecha-se o coração

O Morro do Céu se reuniu para escrever o último capítulo de uma linda história. Foram décadas (mais de seis) que o local representou o ponto central da comunidade. O coração, o epicentro. O assentamento, porque na favela a fé e devoção caminham juntas, estão no dia a dia do povo.


O Bar da Helô ocupou um terço do tempo deste estabelecimento cheio de alegria. Tudo começou lá atrás, quando Aldo Verzola criou uma mercearia. A “venda”, que servia para os moradores comprar carne seca, linguiça e outras mercadorias, também tinha cachaça para os clientes.


Anos depois, em uma tratativa de comerciante para comerciante, Aldinho resolveu vender o espaço para um dos maiores empreendedores do ramo. Antônio Queiroz, expert em servir a comunidade com bons produtos, foi o responsável por dar vida ao lugar que até este 19 de setembro de 2021 marcou a vida das pessoas.


Seu filho, Hugo, foi quem mais viveu intensamente a bar. Nele, nos anos 90, fomentou o espaço que teve torneio de dominó, de jogo de botão, churrascos, sambas e muita confraternização. Um grande time de futebol nasceu ali também. Afinal, o bar não é lugar só de bêbados. O bar é cultura, é a oportunidade das pessoas se encontrarem para trocar suas experiências, sejam elas boas ou ruins.


Foi o que aconteceu neste domingo, quando neste último instante, muitos amigos se reencontraram, enquanto outros tiveram a chance de levantar a bandeira da paz e fazer as pazes. E cenas inenarráveis foram eternizadas neste “adeus” ao velho bar.


Sem muito mais o que falar, o Bar da Helô, última nomenclatura daquele que já foi chamado de “Venda do Aldinho”, “D’Céu Drive in Bar”, entre outras denominações, diz um “até logo”. Pois outro cantinho do morro vai abrir espaço para tanta energia e cultura que tem nesta comunidade ordeira e feliz. Comunidade de samba, da roda de samba em frente ao bar na véspera do Natal, do Unidos do Morro do Céu que ali nasceu e fincou raiz. Dos sambas do passado no tempo do Fontela, do Ferrinho Samba Show, da roda espontânea. Da alegria infindável no ponto exato da metade da Rua Cruz e Souza, a “artéria”.


Obrigado, Helô. Foram mais de 20 anos recebendo as pessoas, atendendo com vontade e paciência. Com amor e carinho. 


Muito obrigado Helô! Você será eterna.





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