Leões

Excepcional a presença dos 11.680 torcedores. Um mar azul deslocou-se ao Carianos para ver guerreiros. Mas foram lutadores, na verdade, os mais de 11 mil e os jogadores. Unidos, foram leões à procura da presa. É o instinto selvagem da vida e do futebol.

Um comentário:

  1. Ouso dizer que o Avaí começou ganhando o jogo! Ganhando?! Sim, ganhando ainda no ônibus, quando passou pela torcida apaixonada, uns com faixas, cartazes e bandeiras, outros com fogos, sinalizadores, tambores e cornetas, mas todos com sangue nas veias, pulmões na garganta e lágrimas nos olhos. Ali naquele momento, a Ressacada voltou a pulsar. Tal como um desfibrilador, cada grito, cada espocar de um foguete era como um choque no coração do Leão. Aquele tiro que tomamos no primeiro minuto parecia ter nos atingido em cheio, tanto que sangramos por cinqüenta minutos. O Leão por um momento havia esquecido que vestia um escudo azul. No intervalo, aquelas ações da torcida começaram a fazer efeito. Os jogadores viram que deviam fazer mais e melhor. E, fizeram. Na primeira estocada, o inimigo acusou o golpe e o Coração Azurra aumentou o ritmo das batidas. Veio o segundo seguido de êxtase e o terceiro sem adjetivos. O Leão respirou o ar que saia dos pulmões da torcida, como numa respiração boca a boca. A batalha estava de novo nas patas do Rei da Ilha, mas longe de terminada. Das arquibancadas eram fornecidos o oxigênio o sangue e o soro, do lado do gramado, gandulas, jogadores reservas, o técnico e demais integrantes do banco eram os auxiliares de enfermagem, cada um cumprindo seu papel. Do lado de fora, alguns abutres até sobrevoavam fazendo questão de lembrar que o Leão costuma tomar um tiro no final das batalhas, repetindo aquilo como um mantra, na esperança que essa desgraça se repetisse. Encerrada a batalha, o animal estrangeiro estava definitivamente abatido em terras sagradas e o Leão, Rei da Ilha, ferido, mas vitorioso, desabou ao chão num gesto que demonstrava muito mais do que imaginamos. Ao fim daquela luta, gramado ao qual os Jogadores se entregaram exaustos, transfigurou-se de campo de batalha em braços da torcida. Cada torcedor estendeu seus braços e amparou o Leão exausto, mas não abatido; ferido, mas não morto. O que vem depois, só interessa ao depois, hoje o coração pulsa com mais vigor, com mais sangue e com mais oxigênio. A ferida ainda não está curada, mas o remédio e o tratamento não podem parar.

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