Entrevista César Nunes

Ele é um apaixonado pelo futebol. No berço, começou a amar o esporte e muito aprendeu com o pai sobre os bastidores do mundo da bola. A vida foi passando e a paixão por seus clubes continua: Avaí e Flamengo. 

Mas quando o assunto é seleção brasileira a euforia e o patriotismo vem à tona. Ele decora a casa, veste a mesma roupa todos os jogos, contagia os amigos, reza e tem superstição. Amante do samba, compôs em 2014 o samba-enredo do Unidos do Morro do Céu sobre o centenário da Seleção. A avenida ficou mais brilhante com a obra. 

O entrevistado deste domingo é o servidor público Cesar Nunes, de 58 anos. Um personagem de Florianópolis com muita história pra contar, inclusive sobre a seleção. Confira o bate-papo.

1- Qual a sua primeira experiência com a seleção brasileira na infância?

Minha primeira experiência com a seleção em minha infância foi justamente com a conquista do tricampeonato, em 1970, no México. No segundo título em 1962 já era nascido mas só tinha 2 anos de idade. Tinha na época, em 70, 10 anos e me lembro perfeitamente de todos os jogos daquela campanha memorável. Assisti juntamente com o meu tio Nildo de Gouvêa Lins, em sua residência, que ficava a duas casas da minha, na Rua Cruz e Sousa, na subida do Morro do Céu. Ele possuía televisão a cores e foi essa a primeira copa a ter televisionamento direto. O jogo final contra a Itália (Vitória de 4 a 1) assisti sentado na janela da sala do segundo do andar da casa para ouvir o estocar do fogos e o som das buzinas dos carros na vibração de cada gol. Inesquecível.

2- Como é decorar a casa em todas as Copas?

A Copa do Mundo para quem é  apaixonado por futebol como nós somos, é um momento totalmente diferente. O povo Brasileiro para para assistir os craques que defendem nossa pátria.  Então, é com muita satisfação que faço a decoração para receber os amigos, familiares para que em uma só corrente a gente torça com toda emoção, irradiando boas vibrações para os nossos jogadores. Nesta Copa decorei de uma maneira para o primeiro jogo. Mas a cada partida seguinte vou incrementando com novos adereços. E com certeza seguiremos avante.

3- Você é um exímio colecionador. O que tem no acervo sobre a seleção? 

Sou o único filho de Carlito Nunes que durante 30 anos prestou serviços à Federação Catarinense de Futebol (FCF) e o presidente à época, José Elias Giuliari, na Copa do Mundo em 1978, na Argentina, fez parte da delegação brasileira. Cada membro recebeu um relógio personalizado com o símbolo da Confederação Brasileira de Desportos, a CBD, (hoje CBF) em seu interior. Além disso, abotoaduras de camisas e um bóton, tudo banhado a ouro. Em seu retorno ao Brasil, o presidente doou ao meu pai. Também guardo dele o disco da Copa do Mundo de 1958 quando da primeira conquista brasileira na Suécia. Nele tem todos os gols das partidas que o Brasil disputou e músicas alusivas a nossa conquista. Também tenho o álbum completo de figurinhas de todas as seleções que participaram do nosso bicampeonato em 1962, no Chile. Tenho uma medalha alusiva a esse bicampeonato mandada pela CBD para a federação que ficou com o pai. Tenho um jogo de botões que guardo de minha infância da seleção de 1970. Da Copa de 1994, nosso tetra campeonato, guardo com carinho a camisa que comprei alusiva aquela copa nos Estados Unidos,
pois usei em todos os jogos e meu filho Arthur, na época com 3 anos de idade, também possuía uma igual. Tenho fotos de nós dois com as mesmas camisas. Momento marcante e que deu sorte.

4- Qual a maior seleção de todos os tempos? Qual a Copa mais marcante?

A maior seleção de todos os tempos pra mim foi a de 1970. Um Esquadrão de Ouro. Um time com 5 camisas de número 10 em seus respectivos times. Pelé, Tostão, Rivelino, Gerson e Jairzinho vestiam em seus clubes a camisa de número 10, portanto, jogavam praticamente de pontas de lança. Zagalo conseguiu arrumar lugar para todos. Colocou Jairzinho de ponta-direita, Rivelino na esquerda, Tostão de centroavante, Gerson no meio-campo de armador e manteve Pelé em sua posição. Colocou ainda Piazza, que em seu clube era cabeça de área, de quarto zagueiro para arrumar lugar para o Clodoaldo. Não haverá outra igual a essa. A Copa mais marcante foi justamente a que não veio por detalhes: 1982. Chamamos aquilo de "Tragédia do Sarriá". Foi o jogo mais marcante da copa. A Itália nos venceu por 3 a 2, com 3 gols de Paolo Rossi, e o empate nos servia. Foi a seleção mais talentosa dos mundiais e essa derrota impediu de ficar marcada com glória total na história como a melhor de todas.

5- Você é ultra supersticioso. Que fé, que crença em relação à seleção? Algo especial?

Realmente sou muito supersticioso. Uso sempre as mesmas roupas desde o primeiro jogo. Vou até o fim com elas. Tenho minha fé em Deus, nosso Pai Maior, e sou devoto de dois Santos aos quais sempre peço proteção que é o Senhor Bom Jesus de Iguape e a Nossa Senhora Aparecida. Na hora do aperto, faço minhas promessas. Então em relação a nossa seleção é pensamento positivo e que vai dar tudo certo até o fim.

6- Por fim, amanhã tem Brasil x México pelas oitavas. O Hexa vem?

Agora chegou o mata-mata. A hora da onça beber água. Se correr o bicho pega e se ficar o bicho come. Não podemos tropeçar. Temos uma seleção compacta em todos os setores e um comandante que deu vida a esse time que estava desacreditado pelas circunstâncias da última copa. Tenho plena confiança que o hexa vem. Vou acreditar até o final e estamos numa crescente a cada jogo. Temos em nosso elenco um jogador que na hora que precisar decidir ele estará ali. Ele é diferenciado. Neymar ainda vai brilhar e muito como todo o nosso escrete. Nossa pátria de chuteiras não existe outra igual.




































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