Entrevista Acácio Carreirão

Neste domingo a entrevista é com o grande líder de um grupo de amigos criado através de um time de futebol. A equipe completou 39 anos na última sexta-feira, dia 27, e fez história na cidade, principalmente nos saudosos campeonatos do Clube Doze de Agosto, em Jurerê. Estamos falando do Varrynxhuga Football Association que segue se reunindo todos os sábados, em Floripa, para uma pelada, bons papos e churrasco. E quem conta a história é o comandante maior da associação, Acácio Mund Carreirão. Leia:

1- Como surgiu o Varrynxhuga?
 
O surgimento do Varrynxhuga ocorreu em 1980, precisamente no dia 27 de setembro daquele ano. Na época já tínhamos um grupo de amigos muito unidos, que estudava no 2º Científico do Colégio Catarinense. Na citada data (um fim de semana), fomos para Balneário Camboriú, no apartamento de um amigo nosso (Guto Seara). As tarefas diárias foram divididas em 2 grupos: um varria e cozinhava, enquanto o outro lavava a louça e enxugava. Da união das palavras representativas de duas das atividades (varrer e enxugar), surgiu o nome do time, “batizado” de Varrynxhuga Football Association. Desde então passamos a disputar campeonatos, organizar festas e realizar passeios, com prioridade, sempre, para a amizade. Aliás, o Varrynxhuga, em todos os momentos, foi uma turma de amigos que fez um time de futebol (e não o inverso). Com certeza aí está um dos segredos para estarmos juntos até hoje, agregando constantemente novos componentes.
 
2- E as histórias mais marcantes?
 
Em trinta e nove anos de rica e intensa convivência, sem dúvida temos inúmeras e inesquecíveis histórias. Estas contemplam, por exemplo, os campeonatos disputados. Na década de 1980 participávamos, por exemplo, de festivais de futebol nas cidades da grande Florianópolis, cuja disputa era em jogo único e o vencedor ganhava um troféu. Num deles, chegamos atrasados e à medida que “nossos atletas” botavam o uniforme, entravam “na corrida” em campo. Com sete no gramado e outros quatro arrumando-se dentro dos carros, a “tática” era dar chutão pra frente. Num desses lances, ajudados que fomos pelo vento que soprava a nosso favor, fizemos o gol da vitória. Cabe ressaltar que o time jogou melhor com sete do que quando ficou completo. Também foram inesquecíveis os campeonatos do Clube Doze de Agosto bem como os de ex-alunos do Colégio Catarinense. Fora dos campos, entretanto, é que temos as melhores histórias. Estas foram vividas, e ainda o são hoje, nas festas de final de ano que fazemos na casa de meus pais, nas peladas de sábado do chamado “sub-60” (a terceira idade já chegou à turma), onde o número de corneteiros e tomadores de cerveja é cada vez maior que o de atletas. Há que se lembrar, ainda, do grande número de passeios e viagens (a maioria de “tiro curto”) mas que sempre viabilizaram o acontecimento de fatos extremamente marcantes.    
 
3- Muitas conquistas no futebol amador?
 
Além dos festivais que falei há pouco, que nos renderam alguns troféus, há que se destacar duas grandes conquistas: Uma delas foi o Dodecatlo New Wave (uma gincana esportiva, promovida no Clube Doze de Agosto), realizada em dezembro de 1984. Ela incluía doze modalidades esportivas e fomos campeões na pontuação geral, com destaque para as conquistas do Futebol Suíco e Futebol de Salão (na época não era Futsal). A outra foi o título do Summer Jurerê, em fevereiro de 1991, competição esta em que erguemos o troféu ganhando todas as sete partidas.
 
4- Como você avalia o grupo hoje?
 
Fico extremamente feliz e realizado pelo grupo seguir firme e muito unido até hoje. Resgato aqui uma expressão colocada há pouco, de que o Varrynxhuga é um grupo de verdadeiros amigos que resolveu formar um time de futebol. Ou seja, o principal sempre foi a amizade, sendo o futebol o acessório. Assim, é gratificante ver a presença constante de amigos de longa data (de algumas décadas) na nossa pelada semanal, ainda que a maioria nem vá jogar, mas está lá pelo prazer do encontro. Nesta lógica de priorizar as amizades, muitos dos que já jogaram nossas peladas nunca sequer tinham “chutado uma bola”. Ou seja, provavelmente não teriam espaço em nenhum grupo de peladas, mas na nossa turma foram acolhidos como se “craques” o fossem. E é esta atitude de acolher, de congregar, de brincar e, quando necessário, dividir problemas, ansiedades e frustrações, que traz tanta união à turma do Varrynxhuga. Independentemente do tempo que cada um tem de convívio, o que importa é que quem ali está, o faz com satisfação, porque quer estar conosco e sente-se legítimo e importante integrante da turma.
 
5- O que representa a amizade?
 
A amizade para mim é como uma casa que se constrói. Cada momento de convívio, no início da relação, do conhecimento, é como um tijolo assentado. Como em toda obra da espécie, surge o momento que temos de demonstrar parceria, sinceridade, segurança, companheirismo para aquela pessoa que queremos ter como amigo. Na comparação com a construção da casa, esta é a hora em que se vai instalar uma viga, pois ela, a viga, terá de ser muito bem feita, pois dará suporte a toda a estrutura. Por fim, como toda casa, a amizade tem que passar por constante manutenção, que se faz através do convívio sincero, do apoio àquele que mais necessita, enfim, de ações das mais variadas formas que conferem à estrutura (no caso à amizade) a necessária qualidade e segurança para manter-se firme e bonita. Na lógica da metáfora colocada, penso que a turma do Varrynxhuga é um belíssimo prédio. Este foi edificado sobre vigas fortes. Suas paredes de alvenaria, construídas com tijolos maciços e pintadas com as cores da amizade e da união, compõem com o teto um lindo conjunto. E toda a estrutura tem 3 indispensáveis sustentáculos: Amizade, União e Alegria.
 
6- Por fim, qual o futuro do Varrynxhuga?
 
Penso que o futuro do Varrynxhuga reserva grandes momentos de alegria, amizade e união. Não há porque pensar, por exemplo, no fim das peladas de sábado. É certo que no enfoque do futebol, em si, elas tendem a acabar (a idade, como disse há pouco, está chegando). Mas tenho a certeza que manteremos os encontros, ainda que seja somente para tomarmos as nossas cervejinhas e ficar aplaudindo, quem sabe, os filhos, netos e sobrinhos-netos que, pouco-a-pouco, agregam-se ao grupo. Creio, também, que manteremos, ainda por muito tempo, as festas de final de ano na casa da minha Mãe (Dona Neusa), com o discurso e “descerramento da toalha” da chopeira a cargo dela. Neste enfoque, as viagens ao Rio de Janeiro, Joaçaba, Mafra e os encontros na Enseada de Brito certamente permanecerão, dado nosso desejo de manter tudo aquilo que nos deu prazer até hoje. Enfim, num misto de opinião e sonho, permito-me acreditar que a turma do Varrynxhuga vai ter outros 39 anos de vida. E que neste período que se avizinha tenhamos, sempre e cada vez mais, a amizade como mola propulsora da nossa relação, sem abrir mão, jamais, da agregação de novos amigos e da manutenção das amizades de muitos anos com aqueles que já se encontram no grupo e que trouxeram a turma, firme, forte e unida, até aqui.
 















 
 
 

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